Germano Mathias – conhecido como Catedrático do Samba e com seis décadas de carreira – gravou seu primeiro CD de forrós com Manu Lafer, com quem colabora desde o primeiro cd, Baião da Flor.
Pertencente à geração de cantores especializados em gênero ou repertório, Germano, um símbolo de São Paulo, da qual é seu maior cantor em atividade, resistiu o quanto pôde às solicitações do amigo para aventurar-se nesse ramo, mas finalmente mostrou o que denominou de Forrós Pé de Serra.
Os arranjos são de Luizinho Sete Cordas e a direção musical é de Marcelo Barro, percussionista, filho de Osvaldinho da Cuíca.
As músicas tem humor (Relabucho), amor (Rosa), violência (Mata Sete) e o sabor do nordeste (Serra da Coirana).
Rosa, Rosa, vem, ô, Rosa
Estou chamando por você
Eu vivo lhe procurando
E nem sinal de você
Rosa danada
Minha morena faceira,
Minha flor de quixabeira,
Não posso mais esperar
Fique sabendo, se casar com outro homem
O tinhoso me consome, mas eu lhe meto o punhá
Comprei um papel florado
Um envelope pra mandar dizer
Numa carta bem escrita
O que sinto por você
A carta tá demorando
Porque não sei escrever
A coisa pior da vida é querer bem a mulher
A gente deita na rede imaginando por que é
Com tanta mulher no mundo
Só uma é que a gente quer
Capinheiro, não me leve lá pra Serra da Coirana (bis)
Lá na Serra da Coirana tem catinga de macaco
Tem cipó, rabo de rato, urtiga e tamiarana
A cobra caninana no meio da embaúba
Mata de maçaranduba, titico e suçuarana
E lá na Serra da Coirana tem jurema e pau pereira
Juazeiro e catingueira, sucupira e umburana
Tem coisa que admira, e faz medo ao caçador
E é por isso que eu não vou lá pra Serra da Coirana
E lá na Serra da Coirana tem bicho que arrepia
Tem coruja, tem cotia, tem jacu e muçurana
Tem coisa aqui pensando, lá não fica o caçador
É por isso que eu não vou lá pra Serra da Coirana
Lá em Limoeiro não tem jeito não
É se dando crime, se acabando valentão
Mataram o dono do forró
E o nosso vereador
Morreu, mas também matou
Alemão, seu agressor
Pisa no chão, pisa maneiro
Quem não pode com a formiga
Não assanha formigueiro
Pisa maneiro, pisa devagar
Pisa de mansinho pra não assanhar
Pode pisar no chão
Eu vou falar da formiga, formiguinha
Formigueiro na cozinha só me faz é formigar
Formiga preta não é a sararazinha
É uma pequenininha
Morde e queima pra danar
Segura a língua
Não deixa a língua embolar,
Todo mundo se levanta
No balanço do ganzá
Olha o compasso, menina não se embarace,
Responder é muito fácil, cuidado pra não errar
Cuidado pra não errar, oi, cuidado pra não errar (bis)
Vou sambar a noite inteira com ela
Escondido do pai e da mãe dela
Escondido até dos irmãos dela
Vou sambar a noite inteira com ela
Tou de garrar essa nega na cintura
Empinada que nem uma tanajura,
Ela fica danada pra saltar
E chega a dar trabalho pra parar
Ô Nega da Muléstia, olha lá,
Cuidado pra não dar sururu,
Sei que o velho, teu pai, não vai gostar,
Se me ver agarrado com tu
Quando eu caio dentro do forró
Eu só paro se o fole parar,
Mesmo assim e se o zabumba bater,
Eu bisonho, eu sambo pra danar
Se der briga, eu puxo da peixeira,
Faço uma cruz de fogo no salão,
Só respeito teu pai e tua mãe,
E se não fizer confusão
Aproveita o Relabucho, Maricota, venha cá,
Você rela, eu também relo, tu rela, eu torno a relar
(bis)
Chega pra cá, deixa de acanhamento,
Quero seu consentimento, vamos vadiar,
Já começo a me lembrar do tempo que eu era moço,
Bote a mão no meu pescoço deixa o povo cochichar
Faça de conta que aqui não tem ninguém,
Mas eu vou e você vem, mas não saia do lugar,
Olha, Maricota, que o tempo tá passando,
Todo mundo tá relando, você fica sem relar
Precisa lhe adular, anda logo meu benzinho,
Espia aquele velhinho, já começou a relar,
Diz ele maracujá só é bom quando tá murcho,
Eu entro no Relabucho, só deixo quando relar
Constâncio, não se meta com Anita,
Essa nega é esquisita, que vieram me falar
Porque o ambiente ali não presta,
É um chamego da muléstia,
Só é bom pra quem é de lá
Desculpa eu me meter no seu assunto,
Mas ali cheira a defunto, que vieram me falar,
Malandro pra ficar ali por perto
Tem que entrar de olho aberto
Pisar no chão devagar
O que é que há?
O meu pagode tem que ser bem respeitado, seu mané,
Muito cuidado, todo mundo aqui tem mulher,
Dance direito, dance bem distanciado, seu mané,
Muito cuidado com o bucho no quicé
O senhor está se esfregando, se ajeitando, se arrumando,
Se não quiser morrer, tome jeito e seja macho,
Que eu só planto bananeira com interesse no cacho
Que papelão que o Ludogero fez comigo
Eu também fiz um papelão com Ludogero
Que papelão que o Ludogero fez comigo
Eu fiquei aperreado e fiz outro com Ludogero
Eu fui dançar na Trizidela, na casa do seu Tibério,
Tava dançando com Helena, quando chegou Ludogero:
Tu vai procurar outro par, sujeito enxerido,
Porque com Helena eu não quero
Agora vejam isto: no meio do povo,
Eu fiquei apertadinho, que nem um pinto no ovo,
Mais era feio eu correr na frente da moça
O Ludugero bancou o valente
Eu tou cantando e ele tá no cemitério
Helena é linda pra daná
É a rainha da beleza
Dançava comigo por delicadeza
Vejam só que o rival do Ludugero é o Armando,
Mais eu é quem caiu no xilindró, na Trizidela,
Vendo o sol nascer quadrado
E Armando quem casou com ela
Os moradores do Engenho Mané Pedro
Quase que morrem de medo quando ouviu falar
O Mata Sete fugiu da cadeia
A coisa tava feia naquele lugar
Foram falar com o Simeão
Inspetor De Quarteirão
Homem macho pra brigar
Daí fizeram uma tocaia pra pegar
O Mata Sete se viesse do engenho pra brigar
(bis)
Mas o negócio é que o Mata Sete
Era de jogar confete e de fritar bolinho
Falava mansinho, não era de nada,
Fugia da parada até com um sozinho
E o inspetor e o dono do engenho,
Com todo o seu empenho pra Mata Sete pegar
O Mata Sete quando viu o Inspetor
Falou fino, se pirou,
Desapareceu de lá
(bis)
Lá em casa todo dia passa um balaieiro
Dizendo eu compro fiado, só vendo a dinheiro
Jabuticaba, pitomba, araçá
Pinha, jaracatiá, laranja, limão, caju
Olha o umbu para a umbuzada
Manga rosa, manga espada
Trapiá e guagiru
Olha o jenipapo, jaca e o cajá
Mangaba, maracujá, saputi, melão croá
Oiti, coró, maçaranduba e ananás
Graviola e melancia
Olha o jambo do Pará
Parece mais um lamento
De um passarinho a cantar
A voz de um balaieiro, quando começa a gritar,
Olha a pitomba, laranja, maracujá
Vai gritando o balaieiro, jaca e o cajá
(bis)
Tapioca, de côco
Miúdo, olha o camarão
Pamonha de milho verde
Tá cheirando mungunzá
Cuscus de massa de milho
Macaxeira, olha o angu
Refresco de tamarindo
Castanha, côco e caju
Beiju feitinho no caco
Arroz doce, sururu
Torreiro, galinha gorda,
Olha o suco de caju
(bis)
Você vai à Bahia?
Visite o terreiro de Maria Orixalá
Leve incenso e cravo branco
Pra jogar no mar do encanto
Antes de desembarcar
(Mamãe!)
(bis)
E na Bahia você vai ver como é
Que faz os irmãos de fé,
Da grande lei de Orixá,
Você vai ver Ogum baixar,
Filho de santo você vai se tornar
Tava sentado na pedra fina
O Rei Dos Índios veio me avisar
Tome um banho de rosas
Que aí vem gente
Pra lhe derrubar
Levei quatro velas brancas
Pra fazer meu canjerê
Saravei meu Orixá
Para ele me ajudar
Falei com Tupinambá
Que é guia verdadeiro
Ele gira na mata e no terreiro
Saravá, meu sarava
Saravá, Tupinambá
(bis)
Aô tupinambá (4x)